RESTAURANTE "O PELICANO" NO SEU ORIGINAL ASPECTO!
"O PELICANO" - ASPECTO DECADENTE DO QUE JÁ FOI UMA GRANDE ATRACÇÃO PÚBLICA EM BISSAU - ENTRE 1969 A 1974, CONFORME IMAGEM ANTERIOR.
Ora bem!
Se bem devem recordar, na última mensagem sobre este tema, tínhamos ficado
em que, a polícia me ordenou para que não dissesse nada sobre a “barraca” dada
pela "insegurança-da-segurança" na esquadra, de onde os presos saíam para irem roubar ao
Pelicano.
Agora, permitam-me ir mais atrás, quase ao iniciar
a descrição deste episódio, quando me referi á construção do edifício.
Recordo ter mencionado que, na entrada através
da rua paralela á Amura, logo á direita, existia uma espécie de “jardim de
inverno” a céu aberto, visível para toda a gente. Obviamente, noutro
local ou noutras circunstancias, aquilo até poderia fazer sentido, ter janelas
corrediças sem fecho algum…uma vez que dificilmente alguém se aperceberia ou,
alguém poderia subir ao tecto-telhado (sem telhas).
Na verdade, somente por ali… é que as janelas, poderiam ser abertas… a não ser pelo lado de
dentro, para se limparem. Claro, não nos passava pela cabeça que os presos
teriam conhecimento do assunto e muito menos que eles fossem capaz de subir até
lá acima, galgando “aquela saguão” liso…assim sem mais nem menos.
Portanto…agora que os leitores já têm o “panorama”
completo do palco e dos acontecimentos,
falta saber bem, o que aconteceu na noite em que o meu irmão ouviu “psiu, psiu” mesmo nas costas dele.
“Cenário 1 – os tipos galgavam o “saguão” até
lá acima ao tecto-telhado do Pelicano e, ali chegados, ficariam á espera que encerrássemos
tudo para iniciarem o “golpe”.
“Cenário 2 – Naquela noite, como a parte de
cima do Pelicano encerrava primeiro que a parte de baixo, eles lá receberam
informação que tudo estava “livre” quando “alguém” me viu arrancar com a
carrinha – seria o tal tipo, sentado no banco de pedra, á beira do rio? – e,
toca a descer pelo lado de fora de uma das janelas corrediças sem fecho algum
(BESTEIRA DO ARQUITECTO).
Aqui, este relato, são apenas conclusões a que
chagamos, depois de averiguar o que se passou, e a razão do “psiu, psiu”. Concluímos que, o 1º individuo desce até já
ter os pés assentes no parapeito da
janela corrediça, pelo lado de fora, embora dentro do espaço do jardim de
inverno, fora das vistas do meu irmão que estaria no pequeno hall das casas de
banho, local onde se encontrava o quadro eléctrico. De repente, acendem-se as
luzes e – deduzimos na ocasião – o fulano que já estava de pés assentes no
parapeito, assusta-se e salta para baixo – uma boa altura de 3 metros – caindo mesmo
ao lado de um vidro aguçado que, por sorte, não se espetou nele.
Deduzimos também na ocasião que, o 2º
indivíduo (não sei se haveria 3º ou 4º) começa a descer sem se dar conta que as
luzes tinham sido acesas naquele momento e, não será difícil concluir que o
tipo que já tinha saltado tentou alertar o outro que vinha ainda a meio caminho
na descida, dizendo “psiu, psiu”,
numa tentativa para que o outro “recuasse”.
Ora, pelos acontecimentos, conluie-se que o 2º
indivíduo não ouviu o aviso do outro e…pouca sorte para ele porque foi ferido pelo meu irmão, enquanto que o
outro se punha ao “fresco” saindo por uma janela na parte inferior, como já
mencionei.
Agora, tenho que confessar que naquela noite
já ninguém dormiu e, depois de sabermos de onde vinha o problema do
desaparecimento da mercadoria, eu fiquei pior que uma barata com a polícia.
Mas, como era já alta noite, 4-5 da manhã, decidi procurar um escadote e juntar
umas mesas no lado de fora da entrada do Pelicano – no lado da Amura - para tentar subir ao tecto.
Procurei também uma lanterna grande para dar
uma vista de olhos lá por cima e… que grande espectáculos encontramos! Garrafas vazias de whisky, gin, vodka, cognac, maços de cigarros vazios, clao, pontas de cigarrilhas, caixas de charutos vazias…enfim de
tudo um pouco!
Ao outro dia, “ameaço” – como soa dizer – a polícia
que iria comunicar com o jornal Voz da Guiné para expor a ineficiencia da seguraça na esquadra e, mais uma vez, me proibiram de o
fazer. Falei com o dono do Grande Hotel – meu patrão – que ajudasse a que tudo fosse divulgado, mesmo que
fosse num jornal em Portugal e ele não quis, dizendo que não queria entrar em
litígio com a polícia.
OK…disse eu! Então vamos fazer balanço e o Sr.
é responsável pelo saldo negativo que acaso possa haver, iniciando com este
diálogo a minha saída do Pelicano…após o balanço negativo. Mesmo assim, ainda
tentei “sub-alugar” aquilo, com a intenção de exigir á polícia que colocassem
uma grade forte ao cimo do saguão e “bloquear" todas as janelas corrediças, de
modo a que não pudessem ser abertas por fora., incluindo colocar “pinos de
ferro” embutidos nas calhas interiores, para serem elevados á noite, bloqueando
cada uma das janelas.
O dono do Grande Hotel não aceitou sub-alugar...saí e abri o NInho de santa Luzia, depois de umas férias em Portugal.
Fim desta história.
Há mais…mas por agora fica por aqui.
A próxima, talvez seja aquela de uma casal,
cujo marido era militar, a quem dei a responsabilidade da parte de cima,
estando a mulher mais tempo presente, porque o marido tinha as suas obrigações militares,
se não era na Amura era noutro sítio. De repente…ali havia cerveja militar á
venda no Pelicano…sem eu saber!...
Depois conto.
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