Wednesday, April 17, 2013

""PSIU, PSIU" - FINAL DE RECORDAÇÕES DO PELICANO - 1969 -1972

 
 
RESTAURANTE "O PELICANO" NO SEU ORIGINAL ASPECTO!

"O PELICANO" - ASPECTO DECADENTE DO QUE JÁ FOI UMA GRANDE ATRACÇÃO PÚBLICA EM BISSAU - ENTRE 1969 A 1974, CONFORME IMAGEM ANTERIOR. 
Ora bem!
Se bem devem recordar, na última mensagem sobre este tema, tínhamos ficado em que, a polícia me ordenou para que não dissesse nada sobre a “barraca” dada pela "insegurança-da-segurança" na esquadra, de onde os presos saíam para irem roubar ao Pelicano.
Agora, permitam-me ir mais atrás, quase ao iniciar a descrição deste episódio, quando me referi á construção do edifício.
Recordo ter mencionado que, na entrada através da rua paralela á Amura, logo á direita, existia uma espécie de “jardim de inverno” a céu aberto, visível para toda a gente. Obviamente, noutro local ou noutras circunstancias, aquilo até poderia fazer sentido, ter janelas corrediças sem fecho algum…uma vez que dificilmente alguém se aperceberia ou, alguém poderia subir ao tecto-telhado (sem telhas).
Na verdade, somente por ali… é que as janelas,  poderiam ser abertas… a não ser pelo lado de dentro, para se limparem. Claro, não nos passava pela cabeça que os presos teriam conhecimento do assunto e muito menos que eles fossem capaz de subir até lá acima, galgando “aquela saguão” liso…assim sem mais nem menos.  
Portanto…agora que os leitores já têm o “panorama” completo do palco e dos  acontecimentos, falta saber bem, o que aconteceu na noite em que o meu irmão ouviu “psiu, psiu” mesmo nas costas dele.
“Cenário 1 – os tipos galgavam o “saguão” até lá acima ao tecto-telhado do Pelicano e, ali chegados, ficariam á espera que encerrássemos tudo para iniciarem o “golpe”.
“Cenário 2 – Naquela noite, como a parte de cima do Pelicano encerrava primeiro que a parte de baixo, eles lá receberam informação que tudo estava “livre” quando “alguém” me viu arrancar com a carrinha – seria o tal tipo, sentado no banco de pedra, á beira do rio? – e, toca a descer pelo lado de fora de uma das janelas corrediças sem fecho algum (BESTEIRA DO ARQUITECTO).
Aqui, este relato, são apenas conclusões a que chagamos, depois de averiguar o que se passou, e a razão do “psiu, psiu”.  Concluímos que, o 1º individuo desce até já ter os  pés assentes no parapeito da janela corrediça, pelo lado de fora, embora dentro do espaço do jardim de inverno, fora das vistas do meu irmão que estaria no pequeno hall das casas de banho, local onde se encontrava o quadro eléctrico. De repente, acendem-se as luzes e – deduzimos na ocasião – o fulano que já estava de pés assentes no parapeito, assusta-se e salta para baixo – uma boa altura de 3 metros – caindo mesmo ao lado de um vidro aguçado que, por sorte, não se espetou nele.
 
Deduzimos também na ocasião que, o 2º indivíduo (não sei se haveria 3º ou 4º) começa a descer sem se dar conta que as luzes tinham sido acesas naquele momento e, não será difícil concluir que o tipo que já tinha saltado tentou alertar o outro que vinha ainda a meio caminho na descida, dizendo “psiu, psiu”, numa tentativa para que o outro “recuasse”.
 
Ora, pelos acontecimentos, conluie-se que o 2º indivíduo não ouviu o aviso do outro e…pouca sorte para ele porque  foi ferido pelo meu irmão, enquanto que o outro se punha ao “fresco” saindo por uma janela na parte inferior, como já mencionei.  
Agora, tenho que confessar que naquela noite já ninguém dormiu e, depois de sabermos de onde vinha o problema do desaparecimento da mercadoria, eu fiquei pior que uma barata com a polícia. Mas, como era já alta noite, 4-5 da manhã, decidi procurar um escadote e juntar umas mesas no lado de fora da entrada do Pelicano – no lado da Amura  - para tentar subir ao tecto.
Procurei também uma lanterna grande para dar uma vista de olhos lá por cima e… que grande espectáculos encontramos! Garrafas vazias de whisky, gin, vodka, cognac, maços de cigarros vazios, clao, pontas de cigarrilhas, caixas de charutos vazias…enfim de tudo um pouco!
Ao outro dia, “ameaço” – como soa dizer – a polícia que iria comunicar com o jornal Voz da Guiné para expor a ineficiencia da seguraça na esquadra e, mais uma vez, me proibiram de o fazer. Falei com o dono do Grande Hotel – meu patrão – que  ajudasse a que tudo fosse divulgado, mesmo que fosse num jornal em Portugal e ele não quis, dizendo que não queria entrar em litígio com a polícia.
OK…disse eu! Então vamos fazer balanço e o Sr. é responsável pelo saldo negativo que acaso possa haver, iniciando com este diálogo a minha saída do Pelicano…após o balanço negativo. Mesmo assim, ainda tentei “sub-alugar” aquilo, com a intenção de exigir á polícia que colocassem uma grade forte ao cimo do saguão e “bloquear" todas as janelas corrediças, de modo a que não pudessem ser abertas por fora., incluindo colocar “pinos de ferro” embutidos nas calhas interiores, para serem elevados á noite, bloqueando cada uma das janelas. 
 
O dono do Grande Hotel não aceitou sub-alugar...saí e abri o NInho de santa Luzia, depois de umas férias em Portugal.  
Fim desta história.
Há mais…mas por agora fica por aqui.
A próxima, talvez seja aquela de uma casal, cujo marido era militar, a quem dei a responsabilidade da parte de cima, estando a mulher mais tempo presente, porque o marido tinha as suas obrigações militares, se não era na Amura era noutro sítio. De repente…ali havia cerveja militar á venda no Pelicano…sem eu saber!...
Depois conto.  
 

No comments:

Post a Comment