Thursday, May 2, 2013

2ª PARTE DE WHISKY AO KILO - HISTÓRIA NO PELICANO

Presados leitores:

Se bem devem recordar, na mwnsagem anterior...fiz referência ao episódio de ter “apanhado” alguns empregados de mesa, a deitar água nas garrafas de whisky…garrafas essas que eram usadas no serviço de mesas nas esplanadas.
DEIXEM-ME EXPLICAR MELHOR, COMO ERA O SISTEMA EM VIGÔR, NA OCASIÃO!
– Na Guiné, o sistema em vigor com os empregados de mesa era...

a)      – Ao chegarem ao trabalho, cada qual no seu horário, recebiam uma “determinada quantia” em dinheiro - ficando registado na caixa – para que, ao fazerem um pedido, pagassem imediatamente, sendo a responsabilidade deles apresentar a conta aos clientes, nas mesas.

b)      Inicialmente, o empregado chegava e fazia o pedido de…por exemplo, “2 copos com gelo, uma garrafa de água castelo para servir dois whiskies”.

c)       Portanto, aqui o empregado pagava dois whiskies…mas, de facto, não se sabia se na mesa eram servidos 3 ou 4 e, por isso, iniciei o sistema de “destinar” uma garrafa de whisky por cada empregado.

(o mesmo sucedia com todas as outras bebidas engarrafadas)

No entanto, com este sistema em vigôr, apercebi-me que havia algo que não batia certo porque, por precaução, instrui a pessoa a cargo do balcão que, na ocasião, era um familiar que, tanto poderia ser o meu irmão já aqui referido – aquele que apanhou os ladrões, mencionado numa das mensagens anteriores – como um cunhado, marido de uma irmã minha, para que “cada dia, se marcar um empregado” para ficar “debaixo de olho”, de modo a controlar-se quantas vezes o mesmo pedia “copos com gelo e água castelo”.
Era nossa intenção procurar “descobrir” qualquer "marosca" que por ali pudesse existir! O resultado foi...marosca grossa, á vista!

Vejamos: - O empregado tinha por conta dele uma garrafa de whisky, de onde servia determinada quantidade aos clientes, durante o turno dele. Com este sistema, o empregado só pagava no final e, posto isto, terminado o turno, aproximava-se para devolver o dinheiro que lhe tinha sido entregue de avanço, no início do turno e… todas as garrafas que o mesmo empregado tivesse usado, eram alvo de “um refil”, com a bebida da mesma marca.
Portanto, cingindo-me somente ao whisky, digamos JW cinta vermelha, pegava-se numa garrafa da casa e despeja-se “bolha por bolha” para dentro da outra garrafa usada pelo empregado.Quantas bolhas coubessem, quantas pagava.

Bem…aparentemente, parecia que ”isto” poderia estar “á prova de bala ou á prova de falcatrua”?Esqueçam-se disso… porque será um erro tremendo se assim chegaram apensar.
Pois…assim foi!
Com aquela ideia de “controlar” cada dia um empregado previamente seleccionado como alvo de vigilância, acabou-se por descobrir que, numa vista de olhos rápida, se notava logo que “a lista de vezes” que o empregado pediu água castelo e, digamos, dois copos com gelo, significava que a quantidade de whisky saído da garrafa teria que ser mais do que o espaço vazio da mesma garrafa aparentava ter. Por outro lado, numa inspecção mais atenta, colocando a garrafa da casa juntamente com a garrafa que o empregado tinha usado, descobri que, uma certa aparência descolorida da garrafa de serviço.

Uma outra nota que levantava suspeitas, era o facto que…o empregado que tinha sido alvo de “vigilância” quase sempre se aproximava mais depressa que todos os outros, demonstrando uma certa “ansiedade” em “pirar-se dali para fora…com peso de consciência” para trás das costas, argumentando que tinha que ir mais cedo por isto ou por aquilo!.
E, sobre o último ponto, quando refiro “por isto ou por aquilo”, tenho que dizer que, durante todo o tempo que lá estive na Guiné – incluindo cerca de 4 anos na Embaixada dos EUA, com “supervisor” do pessoal local – conforme cópia de carta abaixo – encontrei que “isto ou aquilo” era usado variadíssimas vezes em referência a “acontecimentos familiares”, como, por exemplo, que morreu ”nha mamãzinho” ou morreu a minha a vozinha! 

NOTA: Na carta abaixo, refere-se a deixar a embaixada dos EUA depois de 2 anos porque, de facto, nos 1ºs 2 ou quase, não estava no "quadro" de efectivos.
























Não acreditam se lhes disser que “a avozinha de alguns” dos empregados - ou colegas de trabalho -  locais morria várias vezes ao ano. Tal como o título do meu 1º livro, "eram defuntos antes de o serem".
Bem…mas continuando com a história do “whisky” e conforme ia dizendo, o empregado em questão, demostrava “culpabilidade” sobre o que tinha feito e queria “pirar-se” dali o mais rápido possível.
Portanto, mais que uma vez, ali perante uma falcatrua, eu punha a minha miolinha a “trabalhar a toda a velocidade” - embora parado - desde que não me rebentasse as costuras do ”coco” cerebral, na procura de encontrar soluções para este problema. E, sem necessidade de ir á bruxa a pedir ajuda, imaginei a solução, usando uma balança para pesar as garrafas cheias.

Muito bem! Encontrada a solução, faltava agora ver se funcionava.
Não me recordo bem como mas, se não foi sonho, foi falta de sono a pensar toda a noite como resolver o problema. Não é que, no outro dia, me vem á cabeça o que tinha pensado ou sonhado…que, referia a necessidade de adicionar á balança algo mais, para que, de uma vez por todas, o problema fosse resolvido.

COMO?... Pois…se quiserem acreditar acreditem e, se não quiserem acreditar, nada posso fazer para os contrariar a não ser “afirmar” que não tenho interesse algum em dizer coisas que não foram certas e reais.
Portanto, tendo a solução da balança, nada impedia aos empregados voltarem a fazer o mesmo, a não ser se… lhes tirasse a possibilidade de tirarem a “bolha medidora” do gargalo da garrafa, até esta ficar completamente vazia.

Deste modo…pesava-se uma garrafa cheia e, de bolha a bolha, despejava-se para dentro de uma garrafa vazia. Bem feias as coisas, daria cerca de 34-36 bolhas.

Creio que o grande Hotel me debitava cada garrafa a cerca de 25 bolhas – talvez mais mas era menos de 30.
Assim tínhamos…

1)      O peso de uma garrafa cheia
2)      O peso de 36 bolhas
3)      O peso de uma garrafa vazia.

Portanto, faltava selar a “bolha” para que não fosse retirada do gargalo, de modo a não permitir “misturarem água” no whisky.
Agarrei, fui uma papelaria a comprar umas quantas barras de “lacre” daquele com que se lacravam cartas com documentos importantes. Ao mesmo tempo, comprei um novelo de “fita fininha” similar aquela com que se fazem embrulhos e, rodeando a “bolha” com um “nó cego”, coloco a fita, em todas as garrafas de serviço, cruzando a mesma com nó cego também no fundo da garrafa. Ali, puxando bem puxada, aplicava o“lacre” exactamente do fundo da garrafa. Deixava secar e arrefecer e “vá lá… já está”.

Posto isto, havia clientes que perguntavam para que era aquilo e, obviamente, ficavam de boca aberta quando se lhes dizia o porquê.
Portanto, com este sistema em vigor, eu responsabilizava cada empregado por 30 bolhas mas, no final de cada dia, pesava-se a garrafa para ver quantas “gramas de whisky” tinham saído da garrafa e, multiplicando, encontrava-se o numero de "bolhas" vendidas e, como tal, seria quantidade que o empregado tinha que pagar naquele dia.

Deste modo, tal como disse desde o início sobre este tema, efectivamente vendia-se o "whisky ao Kilo" ou, mais propriamente dito, ao peso!
Finalizando, e como m,encionei logo no início, até empregados "europeus" que trabalhavam ali "part-time" foram apanhados a misturra água no whisky.
Pode não ser uma grande história mas, duvido muito que a maioria dos leitres tivessem conhecimento de algo assim poder ter sucedido.
´WE tudo, sobre este tema.
Boa sorte a todos.