Tuesday, April 16, 2013

5ª PARTE DE RECORDAÇÕES DO PELICANO - 1969- 1972


Os leitores deverão inteirar-se dos textos das mensagens anteriores, para apanharem o "fio-da-meada" sobre o conteúdo da história aqui contada, passada no Pelicano - restaurante em Bissau... aberto por mim, em 1969.
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Portanto, voltando ao relato de mais um trecho desta história, se bem recordam...na mensagem anterior tinhamos ficado  na exclamação do sub-chefe da polícia dizendo que já sabia do que se tratava...ou coisa assim parecida.
 
Ali, aquela hora, perto das 3 da manhã...deu ordem para parar todas as buscas e concentrou-se a falar comigo e com o meu irmão. Insistiu em saber se o meu irmão tinha ferido o "intruso", cuja resposta foi afirmativa.
 
Convém notar que, ali no portão, não havia rastos de sangue algum e, portanto, quem quer que fosse tinha "desaparecido" pela parte de cima do tecto-telhado (sem telhas) do edifício do Pelicano.
 
Perante aquela situação, o chefe disse para nos deslocarmos á esquadra, no lado de cima, na rua oposta á marginal. Lá fomos e...pela 1ª vez na vida, passamos para a zona onde estão as celas, no lado debaixo do edfício da esquadra, numa espécie de cave, com frente para o pátio tipo "saguão" e, para surpresa nossa, todos os prisioneiros estavam dentro das celas, com as grades-portas fechadas.
 
Ali sim, já se notava sinais de sangue, vindos do lado "morto" - sem saída - da parede lateral do Pelicano - vendo a foto, era a parede da esquerda que acompanha o edificio da manutenção militar e a esquadra - mas...deixem-me dizer que...dali do pátio até ao tecto do Pelicano...deveriam de ser uns bons 10-12 metros de altura ou mais! Sem suporte algum. Sem degraus, sem falhas. Tudo liso!!!
 
Portanto, quem quer que fossse que tinha entrado no Pelicano, vindo dali de uma ou mais celas, tinha subido aquilo sem escada ou qualquer outro apoio. A não ser que tivesse sido uma corda, com algum gancho ou, com muita habilidade "costado numa parede e pés na outra, em frente" fazendo pressão para ir subindo. Fisicamente até era possível, com uma certa ousadia. O certo é que as manchas de sangue ali estavam.
 
O sub-chefe dá ordem para que todos os presos se aproximassem, um por um para uma contagem e, ao mesmo tempo, para se verificar  se algum deles estava ferido nalguma das pernas. Contou-se,. contou-se...faltava um que...lá ao fundo aninhado, tentava não aparecer. Com a lanterna do sub-chefe...lá o fez levantar e, o pobre, até precisa de tratamento médico. Uma série de golpes profundos nas pernas, sem grande segurança de protecção para tapar as feridas. Até tive pena dele, coitado!
 
Portanto...pelo exposto até aqui, já se deram conta que, os presos na esquadra, é que andavam a roubar a mercadoria durante a noite, saindo das celas... porque alguém ali de guarda participava ou colaborava com eles, abrindo e fachando a porta do calabouço. LINDO, NÃO?!

Foi aqui, neste ponto, depois de eun reagir com críticas á polícia, que a polícia me ameaçou...ordenando-me para que me calasse e não divulgasse nada do sucedido. Depois conto...o resto!
 
Até lá...boa sorte.  


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