SERÁ QUE SOU UM CRIMINOSO...COM ESTA CARA DE "ANJINHO"?
Numa luta desigual, onde o
objectivo era matar, impôe-se uma questão… ”fictícia” sobre o que se passou na realidade, naquele tempo da
guerra em África. E, a questão era e foi… MORRES TU OU MORRO EU?
Obviamente, uma resposta honesta
por parte dos leitores, só poderá ser dada se tomarem conhecimentos das
circunstâncias e factos, que leva a tal pergunta. Sem conhecerem os factos,
será quase impossível responderem adequadamente. Assim, permitam-me descrever o
“drama” vivido por mim, que deu
origem á questão.
A coisa foi assim!
“Quando cheguei ao campo de
batalha, fui logo avisado por “camaradas”
que já lá estavam sobre o perigo que nos rodeava. Ali, a “lei do mais forte” não era o mais importante…porque, de facto, quem
fosse mais mais “astuto e mais listo”,
quase sempre ganhava. Os músculos nem sempre eram o mais importante para se
sair victorioso. O poder de antecipação era crúcial para ganhar a batalha porque, “eles”
atacavam sempre em número muito superior ao nosso. Estar preparado, era não só
fundamental. Pelo que, esta estratégia fazia parte do-dia-a-dia.
Ouvido alérta e
olho vivo, se quisessemos sair dali intactos.
Quero confessar aqui abertamente
que aquilo deixou marcas profundas em mim porque, ainda hoje recordo – como se
fosse ontem – que o primeiro ataque se manifestou logo na primeira noite, mesmo
antes de eu ter arrumado a minha roupa nova, recem levantada do “armazém” do
aquartelamento.
Durante o dia bem me avisaram
para que me preparasse porque “eles”
eram mais audázes a atacar durante a noite….especialmente quando lhes constasse que haveria “GENTE NOVA”
a chegar… assim como que, “carne
fresquinha” para canhão! Eram astutos os tipos.
Ali, na ocasião, ainda que não se
vislumbrassem quem nem como, haveria de certeza “espiões” que os informavam da chegada de alguém novo. Mas, como
novato, até achei estranho o facto de “eles”
a serem mais audáses a atacar
á noite porque, de dia, o alvo via-se melhor. Mas, fosse como fosse que os
motivasse, o facto era que assim era
mesmo.
Dito e feito porque, de repente,
apanhando-me completamente “desprevenido” , pela “calada da noite” vem o primeiro ataque.
E, como sabiam de antemão da nossa inferioridade numéria, até nem se esforçaram
muito no início, esperando que, com meia força, nos nos venceriam.
Ali, verificou-se logo que o refrão
acima de… “a lei do mais forte”…etcª,
estava mais que certo! Foi ali que “a astúcia” dos meus camaradas entrou em
accção – e nos dias seguintes já participei eu também, após me armar com a
mesma arma que os meus camaradas já tinham, quando eu lá cheguei. Foi uma luta
travada em desigual! “Leva atrás de leva”,
sempre a atacar. Brutos uma vez e brutos
uma segunda e terceira vez!
Eles sempre em maior número!
Nós, recatados, astutos, (eu era só
observador no primeiro ataque porque ainda não tinha arma), esperando o ataque,
não desperdiçando muniçoes. Quando disparavamos, era sempre pela certa. Caíam aos montes!
Bem, com tudo isto, eu acabei de
entrar a sério nas batalhas seguintes e, meus amigos leitores, não desejo a
ninguém que se arrependa de fazer o que eu fiz! Ali, era matar o mais que pudesse, ou poder vir a morrer.
Pelo que…morrer por morrer, que morressem os outros,
porra!
Aqui, permitam-me acalmar alguns
dos leitores que poderão estar a “magicar” certas coisas, invoncabdo os “Deuses”
deles…porque, para que saibam, eu até nasci sem religião alguma mas, aconteceu
que, logo após uns meses de ter vindo ao mundo – sem perguntarem a minha opinião sobre o assunto, se queria ou não queria continuar a ser como era – o certo que me
impuseram uma religião.
E, como a mesma – nem sempre – aparenta mostrar “simpatia” pelos mortos, eu ali, naquela
ocasão nem tal coisa me vinha á cabeça. Hoje talvez mas…como o que lá vai lá
vai, e para não carregar com este peso na minha consciência toda a minha vida…
uma vez que já tenho outros pesos com que carregar - tomara eu que não tivesse, como por exemplo, uma arroba a mais em
cima das minha pobres, pernas, curtas e tortas se calhar pelo peso a mais -
o certo é que falando honestamente, se voltasse a passar pela mesma situação
voltaria a fazer o mesmo.
Arrependimento? Qual quê!
Ah…ainda vais para o Inferno…poderão alguns dizer!
Que vaia! Quero lá saber disso se, ao lá chegar já vou
morto?
E, além do mais, quanto a mim, o Inferno é aqui em baixo!
Mas, continuando…como disse no
principio, aquilo era uma luta de “morres
tu ou moro eu” e, como tal, se esta frase se aplicava naquela ocasião pelos
motivos invocados, aplica-se hoje tembém se a circunstâncias forem idênticas.
Agora, penso eu… virá a curiosidade
“acústica” de alguns leitores e, arriscaria
um “bom-tinto” que até serão mais as leitoras a questionar do que os
leitores. Eu cá tenho aas minhas razões
para dizer o que digo. Mas, na ausência física dos mesmos ou mesmas, questiono eu por eles ou
elas!
Questão! – “ Como é que tão-poucos (?) conseguiam
vencer o inimigo, sempre em número mais elevado
Resposta: - “Poucos, astútos, atentos, alérta e… todos…armados
com bombas ofensivas… pois, o resultado teria e foi sempre favorável.
Aqui para aclarar um pouco melhor
esta coisa das bombas, permitam-me mencionar que, as mesmas serviam não só para
nos defendermos dos ataques nocturnos como, também – e eu bem me recordo – para ajudar alguma menos afortunado que,
acaso fosse atacado quando dormia ou atacado quando estava onde não devia de
estar.
Vem isto ao caso o facto que, um dia um dos meus camaradas se queixou de um
ataque directo – exactamente nas partes
pévicas, ali – mas lá - na zona limitrofica das brilhas dele, na zona central,
ligeiramente um pouco mais que uma mão travessa mais abaixo do umbigo,
estendendo-se o ataque, englobando as partes “genitais”!
Eu bem me lembro porque fui eu o salvador do homem
quando, armado com a minha “bomba”, disparei “sucessívas vezes” até que o inimigo começou a largar a presa e,
ou partiu em debandada ou ficou ali estendido no mesmo local de ataque!
Foi uma victória ali mesmo á
frente dos meus olhos – ainda hoje me arrepio todo ao falar nisto mas… ou um
homem tem tomátos, ou então, que os corte para não andarem a empicelhar empecilhar o parceiro que
está no meio deles. É que, conforme eu
disparava a “bomba” cada elemento do
inimigo – que até era uma camada de chatos
(?)… sim C H A T O S , começou a largar a pele do pobre homem e, ali, o
producto químico da “BOMBA FLIT”, começou a infiltrar-se no local onde, antes,
tinha estado o “chato” afilado á
pele do pobre.
Então, os gritos que ele dava
ainda hoje me fazem “zunir os ouvidos”
porque aquilo era como se fosse “ácool” a entrar em pele viva. Digo-lhes uma
coisa. Não me arrependo de tudo isto o que fiz. Para defender o meu semelhante
– esperando que “amhanã” me poderia
tocar a mim – ou seja, voltando atrás, o “amanhã”
refere-se áquela ocasião porque…se fosse nos tempos de agora, poderia vir a a “ter á perna” a minha santa mulher. Porra!
Ela é difícel de convencer que foi somente uma aventura!!!!
Assim, se os leitores me quiserem
considerar um “criminoso” terão que acabar de ler para ter mais elementos com
que me julgar.
É que, se até agora não disse, deve
ter sido pelo entusiasmo que eu dedico ao que estou a escrecer. Mas, o facto foi que, todas as mortes que eu
fiz foi em defesa própria porque, ou eu matava os milhares de “mosquitos que me atacavam” – a mim e
aos meus camaradas ou então, poderia eu ser a vitima de uma “mordidela” ou “picadela ou picadele” consoante fosse fémea ou macho…e, se acaso
estivesse contaminado, eu poderia contrair a febre a amaréla ou a outra, muito
mais perigosa, chamada, fébre “tifoide”
que, conforme o entomento da mesma indica, até considero que poderia muito bem
ser descrita como febre que “ti-pode-foder-a-vida”.
Agora, perante esta explicação,
se me quiseram considerar “um criminoso”,
aceito com a promessa que voltaria a repetir “os crimes” que fiz na ocasião.
Abraço a todos
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