Se bem devem recordar, na mwnsagem anterior...fiz referência ao episódio de ter “apanhado”
alguns empregados de mesa, a deitar água nas garrafas de whisky…garrafas essas que eram
usadas no serviço de mesas nas esplanadas.
DEIXEM-ME EXPLICAR MELHOR, COMO ERA O SISTEMA
EM VIGÔR, NA OCASIÃO!
– Na Guiné, o sistema em vigor com os
empregados de mesa era...
a)
– Ao chegarem ao trabalho, cada
qual no seu horário, recebiam uma “determinada quantia” em dinheiro - ficando registado
na caixa – para que, ao fazerem um pedido, pagassem imediatamente, sendo a
responsabilidade deles apresentar a conta aos clientes, nas mesas.
b)
Inicialmente, o empregado chegava
e fazia o pedido de…por exemplo, “2 copos com gelo, uma garrafa de água castelo
para servir dois whiskies”.
c)
Portanto, aqui o empregado pagava
dois whiskies…mas, de facto, não se sabia se na mesa eram servidos 3 ou 4 e, por isso, iniciei o sistema de “destinar”
uma garrafa de whisky por cada empregado.
(o mesmo sucedia com todas as
outras bebidas engarrafadas)
No entanto, com
este sistema em vigôr, apercebi-me que havia algo que não batia certo
porque, por precaução, instrui a pessoa a cargo do balcão que, na ocasião, era um
familiar que, tanto poderia ser o meu irmão já aqui referido – aquele que apanhou os ladrões, mencionado
numa das mensagens anteriores – como um cunhado, marido de uma irmã minha,
para que “cada dia, se marcar um empregado” para ficar “debaixo de olho”, de
modo a controlar-se quantas vezes o mesmo pedia “copos com gelo e
água castelo”.
Era nossa intenção
procurar “descobrir” qualquer "marosca" que por ali pudesse existir! O resultado foi...marosca grossa, á vista!
Vejamos: - O empregado tinha
por conta dele uma garrafa de whisky, de onde servia determinada quantidade aos
clientes, durante o turno dele. Com este sistema, o empregado só pagava no
final e, posto isto, terminado o turno, aproximava-se para devolver o dinheiro
que lhe tinha sido entregue de avanço, no início do turno e… todas as garrafas
que o mesmo empregado tivesse usado, eram alvo de “um refil”, com a bebida da
mesma marca.
Portanto,
cingindo-me somente ao whisky, digamos JW cinta vermelha, pegava-se numa
garrafa da casa e despeja-se “bolha por bolha” para dentro da outra garrafa
usada pelo empregado.Quantas bolhas coubessem, quantas
pagava.
Bem…aparentemente,
parecia que ”isto” poderia estar “á
prova de bala ou á prova de falcatrua”?Esqueçam-se disso…
porque será um erro tremendo se assim chegaram apensar.
Pois…assim foi! Com aquela ideia de “controlar” cada dia um empregado previamente seleccionado como alvo de vigilância, acabou-se por descobrir que, numa vista de olhos rápida, se notava logo que “a lista de vezes” que o empregado pediu água castelo e, digamos, dois copos com gelo, significava que a quantidade de whisky saído da garrafa teria que ser mais do que o espaço vazio da mesma garrafa aparentava ter. Por outro lado, numa inspecção mais atenta, colocando a garrafa da casa juntamente com a garrafa que o empregado tinha usado, descobri que, uma certa aparência descolorida da garrafa de serviço.
Uma outra nota que
levantava suspeitas, era o facto que…o empregado que tinha sido alvo de “vigilância”
quase sempre se aproximava mais depressa que todos os outros, demonstrando uma
certa “ansiedade” em “pirar-se dali para fora…com peso de consciência” para
trás das costas, argumentando que tinha que ir mais cedo por isto ou por
aquilo!.
E, sobre o último
ponto, quando refiro “por isto ou por
aquilo”, tenho que dizer que, durante todo o tempo que lá estive na Guiné –
incluindo cerca de 4 anos na Embaixada dos EUA, com “supervisor” do pessoal
local – conforme cópia de carta abaixo – encontrei que “isto ou aquilo” era
usado variadíssimas vezes em referência a “acontecimentos familiares”, como,
por exemplo, que morreu ”nha mamãzinho” ou morreu a minha a vozinha!
NOTA: Na carta abaixo, refere-se a deixar a embaixada dos EUA depois de 2 anos porque, de facto, nos 1ºs 2 ou quase, não estava no "quadro" de efectivos.
Não acreditam se lhes disser que “a avozinha de alguns” dos empregados - ou colegas de trabalho - locais morria várias vezes ao ano. Tal como o título do meu 1º livro, "eram defuntos antes de o serem".
Bem…mas continuando
com a história do “whisky” e conforme ia dizendo, o empregado em questão, demostrava
“culpabilidade” sobre o que tinha feito e queria “pirar-se” dali o mais rápido
possível.
Portanto, mais que
uma vez, ali perante uma falcatrua, eu punha a minha miolinha a “trabalhar a toda a velocidade” - embora parado - desde que não me rebentasse as costuras do ”coco” cerebral,
na procura de encontrar soluções para
este problema. E, sem necessidade de ir á bruxa a pedir ajuda, imaginei a
solução, usando uma balança para pesar
as garrafas cheias.
Muito bem! Encontrada a solução, faltava agora ver se
funcionava.
Não me recordo bem
como mas, se não foi sonho, foi falta de sono a pensar toda a noite como
resolver o problema. Não é que, no outro dia, me vem á cabeça o que tinha
pensado ou sonhado…que, referia a necessidade de adicionar á balança algo mais,
para que, de uma vez por todas, o problema fosse resolvido.
COMO?... Pois…se
quiserem acreditar acreditem e, se não quiserem acreditar, nada posso fazer
para os contrariar a não ser “afirmar” que não tenho interesse algum em dizer
coisas que não foram certas e reais.
Portanto, tendo a
solução da balança, nada impedia aos empregados voltarem a fazer o mesmo, a não
ser se… lhes tirasse a possibilidade de tirarem a “bolha medidora” do gargalo da
garrafa, até esta ficar completamente vazia.
Deste modo…pesava-se
uma garrafa cheia e, de bolha a bolha,
despejava-se para dentro de uma garrafa vazia. Bem feias as coisas, daria cerca
de 34-36 bolhas.
Creio que o grande
Hotel me debitava cada garrafa a cerca de 25 bolhas – talvez mais mas era menos
de 30.
Assim tínhamos…1) O peso de uma garrafa cheia
2) O peso de 36 bolhas
3) O peso de uma garrafa vazia.
Portanto, faltava
selar a “bolha” para que não fosse retirada do gargalo, de modo a não permitir “misturarem
água” no whisky.
Agarrei, fui uma
papelaria a comprar umas quantas barras de “lacre” daquele com que se lacravam
cartas com documentos importantes. Ao mesmo tempo, comprei um novelo de “fita
fininha” similar aquela com que se fazem embrulhos e, rodeando a “bolha” com um
“nó cego”, coloco a fita, em todas as garrafas de serviço, cruzando a mesma com nó cego também no fundo da garrafa. Ali, puxando bem puxada, aplicava o“lacre” exactamente do fundo da garrafa. Deixava secar
e arrefecer e “vá lá… já está”.
Posto isto, havia
clientes que perguntavam para que era aquilo e, obviamente, ficavam de boca
aberta quando se lhes dizia o porquê.
Portanto, com este
sistema em vigor, eu responsabilizava cada empregado por 30 bolhas mas, no
final de cada dia, pesava-se a garrafa para ver quantas “gramas de whisky” tinham saído da
garrafa e, multiplicando, encontrava-se o numero de "bolhas" vendidas e, como tal, seria quantidade que o empregado
tinha que pagar naquele dia.
Deste modo, tal como
disse desde o início sobre este tema, efectivamente vendia-se o "whisky ao Kilo"
ou, mais propriamente dito, ao peso!
Finalizando, e como m,encionei logo no início, até empregados "europeus" que trabalhavam ali "part-time" foram apanhados a misturra água no whisky.
Pode não ser uma grande história mas, duvido muito que a maioria dos leitres tivessem conhecimento de algo assim poder ter sucedido.
´WE tudo, sobre este tema.
Boa sorte a todos.